8 de outubro de 2019 Por marcos220986 1

Pastejo Rotacionado para Gado Leiteiro

Como fazer?

A pecuária leiteira é uma das principais atividades agropecuárias do Brasil. O leite tem importância a nível mundial, pois é consumido em praticamente todos os países, seja “in natura” ou na forma de derivados como queijos, manteiga, bebidas lácteas e outros. A pecuária leiteira ainda tem uma função social importante como geradora de empregos no campo. Estima-se que 4 milhões de pessoas estejam empregadas neste setor no Brasil.

No ano de 2017, a produção de leite foi em torno de 35 bilhões de litros, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este valor parece ser grande; no entanto, o Brasil ainda importa certa quantidade de lácteos para suprir o mercado, mostrando que precisamos desenvolver ainda mais nossa produção. Uma das formas de aumentar a produtividade de leite é por meio do pastejo rotacionado. Esse tipo de sistema permite intensificar a quantidade de animais por área, resultando em maior quantidade de leite por hectare.

O que é pastejo rotacionado?

O pastejo rotacionado é um sistema que consiste na utilização de piquetes que são pastejados em sequência, considerando um período de pastejo e de descanso fixos. O período de pastejo é o tempo que os animais são mantidos no piquete para se alimentarem da pastagem. Período de descanso refere-se ao tempo em que o piquete fica sem os animais, com o objetivo de permitir o crescimento da forrageira até a altura de entrada deles. O tempo em que o piquete fica em descanso somado ao tempo em que ele é ocupado se chama ciclo de pastejo.

Ciclo de pastejo = período de descanso + período de ocupação

O período de descanso é definido em função da forrageira utilizada. Esse período é influenciado pelas condições do ambiente de produção e por características de crescimento de cada espécie.
Dimensionamento de piquetes para gado de leite
O período de ocupação varia de 1 a 3 dias para pecuária leiteira. Ele deverá ser definido pelo pecuarista levando em consideração o seguinte: períodos de ocupação mais curtos vão resultar em maior número de piquetes, consequentemente, maior custo com cercas, bebedouros. Por outro lado, como vantagem, temos um pastejo mais uniforme, evitando ter que roçar o piquete para uniformizar. Também é vantajoso por manter a produção de leite estável, considerando que a alimentação das vacas varia pouco com a troca diária de piquetes.

Períodos de ocupação acima de 5 dias são vantajosos quando se pretende economizar com número de piquetes. No entanto, tem algumas desvantagens, pois podem levar a restrição alimentar devido a redução considerável no número de folhas. Os animais podem se alimentar das touceiras e levá-las ao esgotamento.

Assim sendo, períodos de ocupação intermediários (2-3 dias) são os mais indicados, por reunirem as vantagens de ambos.

Para o cálculo do número de piquetes é utilizada a seguinte fórmula:

Número de piquetes = (Período de descanso / Período de ocupação) +1

Vamos considerar o seguinte exemplo:

Um produtor de leite tem uma área de 10 ha com Brachiaria brizantha. Para este capim, será utilizado um período de descanso de 30 dias. Para o período de ocupação do piquete, será empregado 2 dias (período intermediário visando economia na construção de piquetes). O exemplo considera 3,7 UA/piquete ou 6 UA/ha, lembrando que 1 UA equivale a um boi de 450kg.

Temos:

Número de piquetes = (30/2)+1

Número de piquetes = 16.

Área de 10 ha = 100.000 m2

100.000 m2 / 16 piquetes = 6.250 m2 por piquete

Neste caso, o produtor terá que dividir a área em 16 piquetes de 6.250 m2 cada um.

É importante controlar a altura de entrada e de saída dos animais nos piquetes para garantir a longevidade da pastagem. Na tabela abaixo, podem ser encontradas as alturas recomendadas para diversas espécies.
Caso observe-se que as alturas de pastejo são inferiores às recomendadas, deve-se reduzir a taxa de lotação para restabelecer as alturas adequadas.

No que se refere as forrageiras utilizadas, as principais são as braquiárias, os capins do gênero Panicum, as variedades de capim elefante e as gramas do gênero Cynondon. O pecuarista ainda pode optar pelo plantio consorciado de gramíneas e leguminosas. Neste caso, leguminosas como o amendoim forrageiro, guandu e estilosantes podem ser empregadas.

Para a manutenção dos piquetes, é recomendada a adubação de cobertura que tem por objetivo fornecer os nutrientes para a planta explorar o seu máximo de produtividade. Nesta adubação, são fornecidos nitrogênio, fósforo e potássio. Dependendo das características do solo, a aplicação de fósforo e potássio poderão ser dispensadas. No entanto, o nitrogênio deve ser sempre aplicado por ser o responsável pela maior produção de matéria seca. A partir do segundo ano de formação da pastagem, em geral, recomenda-se a aplicação de 50 kg/ha de P2O5 (fósforo), 200 Kg/ha de N (nitrogênio) e 200 kg/ha de K2O (potássio). Esta adubação deve ser dividida em 3 partes que deverão ser aplicadas no início, meio e final do período das águas.

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